Entorpecentes causam de 20% a 25% de acidentes de trabalho.
“Hoje é segunda-feira e o colega de departamento, que senta ao lado de
sua mesa faltou ao trabalho. Ele, aliás, não trabalhou em muitas
segundas-feiras do ano que ora termina. Ninguém entende como o colega,
com mulher e lindos filhos consegue ser tão irresponsável”.
Essa pequena ilustração nos ajuda a introduzir um dos grandes problemas
que ameaçam a instabilidade econômica do nosso país: a questão do uso e
consumo de bebidas alcoólicas e drogas em geral, antes, durante e depois
do ambiente de trabalho.
A cada dia que passa tem se comprovado que o consumo de álcool e drogas
tem afetado a vida de boa parte dos 82 milhões de trabalhadores
brasileiros. As empresas também tem tido prejuízos enormes. Segundo
cálculos do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID), o Brasil
perde por ano US$ 19 bilhões de absenteísmo, acidentes e enfermidades
causadas pelo uso do álcool e outras drogas.
Estatísticas recentes apontam o Brasil entre os cinco primeiros do mundo
em número de acidentes no trabalho. São em média 500 mil por ano e 4
mil deles resultam em mortes. Os setores em que mais ocorrem são:
construção civil, indústrias metal-mecânica, eletro-eletrônica,
moveleiras e madereiras.
Independente das razões que levam ao alcoolismo ou a dependência de
drogas, este é um problema que deve ser enfrentado para que os
trabalhadores, familiares e empresas ganhem em qualidade e
produtividade.
O uso de drogas no local de trabalho é um problema mundial de saúde
pública. E, portanto, deve ser tratado sem discriminação, recomenda a
Organização Internacional do Trabalho (OIT). Dados levantados pela OIT
indicam que 20% a 25% dos acidentes de trabalho no mundo envolvem
pessoas intoxicadas que se machucam a si mesmas e a outros.
No âmbito das relações de emprego, a intoxicação habitual faz com que o
trabalhador se mantenha em atividade, enquanto pode, por mera obrigação.
Passada a fase de euforia e da desinibição, vem a fase da dependência,
cuja tendência é se agravar a ponto de dominar totalmente o organismo
humano.
O uso periódico e prolongado reduz a capacidade para o trabalho na
medida em que afeta o raciocínio, a concentração, etc., alterando
sobremaneira o comportamento do trabalhador relativamente à sua
responsabilidade, postura, valores morais, e todo mais que possa
excluí-lo do convívio social.
PREJUÍZOS PARA A EMPRESA
Além dos problemas de ordem física, mental e moral que as drogas em
geral causam a um trabalhador, existe a repercussão deste conjunto de
acontecimentos na vida da empresa, através de:
· Impontualidade, faltas constantes e injustificadas no trabalho;
· Afastamento e acidentes de trabalho;
· Desperdício de material devido à má qualidade da produção, que é, por
sua vez, resultado da perda da concentração, clareza visual e
habilidades do funcionário dependente;
· Diminuição da produtividade e qualidade dos produtos;
· Executivos tomam decisões demoradas ou erradas. Quando bebem
exageradamente em ocasiões sociais, podem divulgar assuntos sigilosos da
companhia ou da empresa;
· O alcoólico tem tendências megalomaníacas, o que pode fazer um alto
executivo gastar desnecessariamente;
· Nas fases maníaco-depressivas, o profissional que bebe exageradamente
pode perder grandes oportunidades de trabalho;
· Funcionário fumante interrompe com maior freqüência seu trabalho para
fumar;
· Ocorrências disciplinares;
· Licença/saúde longas e freqüentes;
· Aposentadorias precoces; etc...
SINAIS DE PROBLEMAS
(Que provocam mudanças no desempenho e no comportamento do empregado,
antes produtivo e interessado):
· Absenteísmo (faltas freqüentes justificadas por atestados médicos com
diagnósticos que se repelem, mal definidos, genéricos, mas nunca
mencionando as drogas como causa);
· Lentidão;
· Não realização de tarefas determinadas;
· Acidentes no trabalho e fora desse;
· Perda de horas em outros setores;
· Queda de produção e qualidade;
· Constantes faltas ou atrasos;
· Saídas freqüentes durante o horário de trabalho;
· Pequenos acidentes na execução do trabalho;
· Constante alteração de humor;
· Mentiras e endividamentos com os colegas;
· Pouca preocupação com aparência e higiene pessoal;
· Nega que bebe e usa drogas, se abordado;
· Desinteresse pelo trabalho;
· Estado de excitação, euforia e aumento de energia física;
· Reclama de formigamento na ponta dos dedos e pernas;
· Sangramentos com difícil coagulação;
· Tremores nas mãos e câimbras
· Apresenta inchaço, vermelhidão no nariz e no rosto;
· Olho vidrado e dilatação das pupilas;
· Renite constante;
· Palidez e respiração acelerada;
· Uso freqüente de colírios e outros medicamentos;
FORMAS DE AJUDAR
· Ter um diálogo franco e aberto com o dependente é o primeiro passo
para tentar a sua reabilitação;
· Quando oferecidas, normalmente, as adesões de funcionários aos
Programas de Recuperação são espontâneas e a partir de um bom trabalho
de reabilitação o dependente é resgatado à vida familiar, social e para o
trabalho.
· Oportunizar uma vida familiar estável, prática de lazer, valorização
profissional em consonância com uma equilibrada dedicação profissional
são os grandes aliados para uma vida saudável, longe de vícios.
COMO EXECUTAR UM PROGRAMA
Antecedendo todo trabalho de prevenção e reabilitação dentro de uma
empresa deve-se fazer um diagnóstico precoce entre os funcionários para
constatação ou não do problema.
A pessoa mais indicada para conversar sobre o assunto, na falta de um
departamento de recursos humanos, é o superior imediato. A abordagem tem
que ser feita de forma discreta e sutil. A franqueza é fundamental para
lidar com os dependentes químicos.
É preciso mostrar aos funcionários que a continuidade no mercado de
trabalho depende do comportamento das pessoas.
Para dar certo, o programa necessita o envolvimento de todo quadro
funcional da empresa e até da família do funcionário. Além disso, os
programas de prevenção não devem ser uma iniciativa isolada, mas
relacionados com outras frentes de trabalho. Devem ser desenvolvidas
paralelamente atividades de lazer, saúde, educação, esportes, música,
etc.
Pequenas e médias empresas interessadas em desenvolver programas
voltados para prevenção e controle do uso do álcool e drogas podem
contar com o auxílio de diversas entidades e profissionais
especializados no assunto.
Há várias formas de executar um trabalho de prevenção. Entre outros deve
existir periodicamente dentro da empresa: palestras preventivas, testes
toxicológicos, opção de convênio com clínicas e centros de recuperação,
grupos de apoio, orientação e atendimento médico e de assistência
social.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
MOLIVI, Paulo Roberto da Silva. Álcool e Drogas no Trabalho. Disponível
na Internet. http://www.casadeoracao.org.br/jornal/2003-09_07.asp e
http://www.casadeoracao.org.br/jornal/2003-10_08.asp.
14 fev. 2004.
Nenhum comentário:
Postar um comentário